Bruxas Icônicas: Histórias, Mitologias e Legados das Feiticeiras Mais Famosas

15/07/2025

As bruxas sempre exerceram fascínio sobre a imaginação popular, representando tanto o medo do desconhecido quanto o poder da transformação. Historicamente, foram mulheres perseguidas e mal compreendidas, mas também sábias curandeiras e líderes espirituais. 

No cinema e na televisão, elas ganham formas diversas — desde vilãs sombrias até heroínas complexas. Este artigo explora as bruxas mais famosas em várias esferas, revelando suas histórias, personalidades e legados, e mostrando como continuam a influenciar a cultura contemporânea e os estudos modernos da bruxaria. Confira!

Bruxas Famosas da História

Tituba de Salem

Tituba foi uma das primeiras mulheres acusadas de bruxaria durante os julgamentos de Salem, em 1692, na colônia de Massachusetts. Escravizada de origem africana ou indígena caribenha, ela pertencia ao pastor Samuel Parris e foi acusada por jovens da comunidade de praticar feitiçaria. 

Sua confissão — possivelmente forçada — alimentou a histeria coletiva que resultou em dezenas de acusações e execuções. Tituba afirmou ter feito pactos com o diabo, voado pelos ares e visto animais demoníacos, o que atiçou o medo popular e levou os juízes a verem nela uma figura central. Ao contrário de outras acusadas, ela não foi executada, talvez por colaborar com os interrogadores.

Apesar de seu papel decisivo no início da caça às bruxas de Salem, Tituba foi praticamente apagada dos registros oficiais. Sua história ganhou destaque séculos depois, quando passou a ser vista como símbolo da opressão colonial, racista e misógina. 

Nas releituras contemporâneas, ela é lembrada não como feiticeira, mas como vítima e sobrevivente de uma sociedade paranóica, que projetava seus medos na figura da mulher estrangeira e marginalizada.


Madame Blavatsky

Helena Petrovna Blavatsky (1831–1891) foi uma das figuras mais influentes do ocultismo moderno. Nascida na Ucrânia e naturalizada russa, Blavatsky foi cofundadora da Sociedade Teosófica, em 1875, movimento esotérico que buscava a união entre ciência, religião e filosofia espiritual oriental. 

Viajou extensivamente pela Índia, Tibete e Egito, onde teve contato com mestres espirituais e guardiões do conhecimento oculto. Suas obras mais famosas — A Doutrina Secreta e Ísis sem Véu — fundem conceitos do hinduísmo, budismo e alquimia com uma linguagem mística e filosófica. Ela defendia que todas as religiões continham verdades ocultas comuns, acessíveis apenas aos iniciados.

Vista por muitos como mística, visionária e mediadora entre mundos, Blavatsky também enfrentou fortes críticas e acusações de charlatanismo. Ainda assim, sua influência é imensa: sua obra moldou o esoterismo ocidental, o movimento Nova Era e a astrologia moderna. 

Muitos a veem como uma "bruxa erudita", guardiã do saber arcano. Em sua figura se entrelaçam intelecto, rebeldia e misticismo — uma mulher à frente do seu tempo, desafiando as fronteiras da fé e do conhecimento.


Mima Renard

Mima Renard foi uma mulher francesa do século XVII acusada de bruxaria durante um período de intensa perseguição na região de Lyon. Pouco se sabe sobre sua vida antes do julgamento, mas registros indicam que ela era parteira e curandeira, ofícios muitas vezes associados ao saber ancestral feminino — e, por consequência, à feitiçaria. 

Mima foi acusada de lançar maldições e provocar doenças em animais e crianças, um padrão comum de denúncias em tempos de escassez e medo coletivo. Em seu julgamento, foi alegado que ela mantinha um pacto com o diabo e participava de sabás. Torturada até confessar, Mima acabou sendo condenada à morte.

Apesar de pouco lembrada nos livros tradicionais, Mima Renard representa centenas de mulheres invisibilizadas pela história, vítimas de acusações sem provas e de uma sociedade que punia a sabedoria feminina com fogo. 

Hoje, seu nome é evocado em movimentos feministas e neopagãos como símbolo da sabedoria silenciada, da resistência ancestral e do resgate da dignidade das mulheres perseguidas por "bruxaria".


Joana de Navarra

Joana de Navarra (c. 1370–1437) foi duquesa da Bretanha e, posteriormente, rainha da Inglaterra ao se casar com Henrique IV. Reconhecida por sua inteligência e habilidade política, Joana teve papel ativo na corte inglesa mesmo após a morte do marido. 

Contudo, seu poder incomodava. Em 1419, já viúva, foi acusada de bruxaria por conspirar contra o enteado, Henrique V. Segundo registros da época, teria contratado um feiticeiro para enfeitiçá-lo e causar sua morte. As acusações, motivadas por disputas políticas e patrimoniais, resultaram em seu aprisionamento por vários anos. Embora não tenha sido executada, Joana viveu o estigma da bruxaria, mesmo sendo inocentada mais tarde.

O caso de Joana de Navarra mostra como a acusação de bruxaria também era uma arma política contra mulheres influentes. Ao contrário de outras acusadas, sua posição nobre a salvou da morte, mas não da humilhação pública. Sua história revela como poder, gênero e magia se entrelaçaram nas tramas da política medieval europeia.


Elly Kedward

Elly Kedward é uma figura envolta em lenda e mistério, conhecida como a "bruxa original" do folclore que inspirou o famoso filme A Bruxa de Blair. Segundo os registros fictícios da cidade de Blair, Maryland (posteriormente Burkittsville), ela foi uma mulher acusada de bruxaria em 1785, após supostamente atrair crianças para colher seu sangue. 

Expulsa da comunidade durante o rigoroso inverno, Elly teria morrido na floresta — mas depois de sua morte, desaparecimentos inexplicáveis começaram a ocorrer, dando origem à lenda da Bruxa de Blair.

Embora não haja comprovação histórica de sua existência, Elly Kedward tornou-se um mito poderoso no imaginário popular, fundindo as narrativas clássicas da caça às bruxas com o terror moderno. Sua lenda é usada como crítica à histeria coletiva, à marginalização de mulheres "estranhas" ou solitárias e ao medo do desconhecido. 

No universo ficcional e simbólico, Elly representa o arquétipo da bruxa vingativa, conectada à floresta e ao mistério, sobrevivendo através do medo e da memória.


Ana Bolena

Ana Bolena (c. 1501–1536), a segunda esposa de Henrique VIII da Inglaterra, é uma das figuras mais controversas da história britânica. Sua ascensão à corte e posterior coroação como rainha foram marcadas por escândalos e reviravoltas políticas — incluindo a ruptura da Inglaterra com a Igreja Católica. 

Inteligente, carismática e influente, Ana foi acusada de feitiçaria, adultério e incesto após cair em desgraça com o rei. Rumores diziam que ela tinha um sexto dedo e um sinal no pescoço — características vistas como marcas do diabo. Embora essas acusações não tenham sustentação histórica, foram usadas para justificar sua execução.

A imagem de Ana Bolena como "bruxa sedutora" revela como a misoginia e o medo do poder feminino moldaram a narrativa oficial. Na cultura popular ela é tida como uma mulher injustiçada, vítima de um sistema que punia inteligência, ambição e influência. Sua história ecoa até hoje como símbolo de manipulação política e perseguição velada à liberdade feminina.


Joan Wytte

Conhecida como a "Bruxa de Bodmin", Joan Wytte viveu na Cornualha, Inglaterra, no século XVIII. Era uma curandeira e médium respeitada por suas habilidades em ler o futuro e tratar doenças com ervas medicinais. 

Contudo, nos últimos anos de vida, desenvolveu um temperamento agressivo, talvez por conta de uma infecção dental severa que a fazia sentir dores constantes. Isso acabou gerando conflitos com vizinhos, e ela foi presa sob a acusação de feitiçaria e distúrbio da ordem pública. Morreu na cadeia por falta de cuidados médicos, em condições precárias.

Mas sua história não termina aí. Mais de um século depois, seu esqueleto foi desenterrado e exibido por décadas no Museum of Witchcraft and Magic, em Boscastle. Após relatos de fenômenos estranhos no local, seus restos foram finalmente enterrados com um ritual pagão em 1998. 

Joan Wytte simboliza a marginalização de mulheres com saberes ancestrais e também os abusos contra aquelas que, por doença ou comportamento, destoavam da norma.


Joana D'Arc

Joana D'Arc (1412–1431), conhecida como a "Donzela de Orléans", é uma das figuras mais icônicas da história medieval francesa. Camponesa que afirmou ter visões divinas, liderou tropas contra os ingleses na Guerra dos Cem Anos. Sua coragem e liderança militar foram impressionantes, mas isso também despertou desconfiança.

Em 1431, capturada, foi julgada por heresia e bruxaria pela Inquisição. Acusada de se vestir com roupas masculinas e ter contato com demônios, Joana foi condenada e queimada na fogueira aos 19 anos. Anos depois, foi declarada santa pela Igreja Católica.

Joana D'Arc representa o paradoxo entre santidade e bruxaria, uma mulher à frente de seu tempo, desafiando as normas sociais e religiosas. Seu julgamento reflete o medo da autoridade patriarcal diante da força feminina. Hoje, é símbolo de coragem, fé e justiça, reverenciada tanto como heroína quanto como mártir injustiçada.


Margaret Jones

Margaret Jones foi a primeira mulher acusada de bruxaria nas colônias inglesas da América, em Boston, em 1648. Enfermeira e curandeira, ela usava remédios naturais para tratar doenças, o que causava desconfiança em uma comunidade dominada por crenças puritanas rígidas. 

Suas práticas foram associadas a bruxaria após rumores de que causava doenças por meios sobrenaturais. Jones foi condenada com base em testemunhos subjetivos e evidências frágeis, sendo executada por enforcamento. 

Sua história destaca a vulnerabilidade das mulheres que detinham conhecimento sobre saúde e cura em sociedades marcadas pelo medo e intolerância. Margaret Jones é um lembrete das injustiças e da paranoia que alimentaram as caças às bruxas, principalmente contra mulheres que ousavam desafiar os papéis tradicionais.



Bruxas Famosas do Cinema

Bruxa Má do Oeste - Elphaba

Elphaba, conhecida como a Bruxa Má do Oeste, ganhou vida no musical Wicked e no livro de Gregory Maguire, que reinventam a história original de O Mágico de Oz. Marcada pela pele verde e uma personalidade complexa, Elphaba é uma jovem incompreendida que desafia o sistema opressor do reino de Oz. 

Diferente da vilã estereotipada, ela é uma heroína trágica, lutando contra injustiças sociais, preconceitos e a tirania. Sua história revela as nuances da maldade e do poder, mostrando que ser "má" muitas vezes é apenas uma questão de perspectiva.

Elphaba tornou-se um símbolo moderno de resistência, diversidade e empatia, desafiando o estigma das bruxas como figuras exclusivamente maléficas. O seu arco inspira a aceitação das diferenças e o reconhecimento da complexidade humana, especialmente quando enfrentamos o preconceito e a exclusão. 

No teatro e no cinema, é a personificação do arquétipo da bruxa que questiona o sistema e luta por justiça.


Rainha Má - Branca de Neve

A Rainha Má, antagonista icônica do conto Branca de Neve, é a personificação da inveja e da vaidade levadas ao extremo. No cinema, seu papel reflete o medo cultural do envelhecimento e da perda de poder feminino. Obcecada pela beleza, ela utiliza feitiços e magia negra para eliminar sua rival, a jovem Branca de Neve, mostrando uma face cruel e manipuladora da bruxaria.

Sua figura é um arquétipo clássico da bruxa vilã, mas em adaptações mais recentes, como a série Once Upon a Time, ela é humanizada, com motivações mais complexas e dilemas internos. Essa releitura oferece uma perspectiva mais empática, mostrando que suas ações são também fruto de traumas e vulnerabilidades. 

A Rainha Má permanece um símbolo potente do conflito entre poder, vaidade e medo da perda, reforçando estereótipos, mas também convidando à reflexão sobre as causas do comportamento humano.


Malévola

Malévola, personagem que se popularizou nos clássicos da Disney, ganhou uma profunda reinterpretação no filme Malévola (2014), estrelado por Angelina Jolie. Tradicionalmente vista como uma fada maligna que lança uma maldição sobre Aurora, ela se torna uma figura trágica, traída por aqueles em quem confiava. 

Essa versão traz camadas de complexidade à sua personalidade, revelando motivos emocionais e uma capacidade de redenção.
O filme subverte o arquétipo da bruxa má, apresentando Malévola como uma personagem multifacetada, poderosa e justa, que protege a princesa de um mal maior. 

Ela se tornou símbolo de empoderamento feminino, ao mesmo tempo em que mostra que o poder não é inerentemente maligno, mas depende da intenção e do contexto. Essa releitura promove a ideia de que até as figuras mais temidas podem mudar e encontrar equilíbrio entre luz e sombra.


Winnie, Sarah & Mary

Winnie, Sarah e Mary são as protagonistas da franquia Abracadabra (1993) e sua sequência, filmes que misturam humor, magia e aventura. Três irmãs bruxas que ressurgem para causar confusão e reivindicar seu lugar no mundo moderno, elas representam a magia ancestral que resiste ao tempo.

Com suas personalidades distintas — a engraçada, a sensata e a rebelde — elas exploram o poder feminino coletivo, a importância dos laços familiares e a liberdade de ser diferente. 

Esses filmes popularizaram uma visão mais leve e divertida da bruxaria, desconstruindo a imagem sombria e assustadora tradicional. Winnie, Sarah e Mary são símbolos da irreverência e da subversão, mostrando que a magia também pode ser fonte de alegria e empoderamento.


Hermione Granger

Hermione Granger, uma das protagonistas da saga Harry Potter, é uma das bruxas mais reconhecidas da cultura pop contemporânea. Interpretada por Emma Watson nos filmes, Hermione representa uma nova geração de bruxas: inteligentes, estudiosas, corajosas e éticas. 

Nascida de pais "trouxas" (não mágicos), ela desafia preconceitos dentro do próprio mundo bruxo, provando que a magia verdadeira está no conhecimento e na integridade. Desde o primeiro filme, Hermione se destaca por sua sabedoria enciclopédica, domínio dos feitiços e por ser a voz da razão entre seus amigos.

Mais do que uma feiticeira talentosa, Hermione é um símbolo do empoderamento feminino: ela salva vidas, toma decisões morais firmes e, frequentemente, lidera o trio principal nas missões mais arriscadas. 

É também um ícone feminista e uma inspiração para meninas e jovens ao redor do mundo. Sua imagem ressignifica o arquétipo da bruxa — não como figura sombria, mas como mulher brilhante, justa e determinada.


Feiticeira Branca

Jadis, a Feiticeira Branca de As Crônicas de Nárnia, é uma das vilãs mais icônicas da fantasia moderna. Criada por C.S. Lewis, ela aparece pela primeira vez em O Sobrinho do Mago, onde já revela seu poder destrutivo ao usar a Palavra Execrável, extinguindo toda vida em seu mundo natal, Charn. 

Em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, ela impõe um regime de inverno eterno sobre Nárnia — um mundo sem Natal, alegria ou esperança. Com beleza gélida, Jadis domina pelo medo, petrifica inimigos e manipula as emoções dos outros para manter seu trono. 

Seu cajado, coroa e trenó são símbolos de um reinado estagnado, onde a vida não floresce. Representando o arquétipo da bruxa tirânica, ela é a expressão do poder corrompido, do controle que teme a renovação. Sua queda nas mãos de Aslam e das crianças Pevensie simboliza o retorno da luz após a noite mais longa — a promessa de que nenhum inverno é eterno.


Elaine

Elaine é a protagonista do filme The Love Witch (2016), dirigido por Anna Biller. Ambientado em uma estética retrô dos anos 60, o longa acompanha essa bruxa moderna, sensual e misteriosa, que utiliza magia para conquistar o amor dos homens — com resultados trágicos. 

Elaine é uma personagem complexa: por fora, uma femme fatale clássica; por dentro, uma mulher marcada por traumas, obsessões e uma busca desesperada por afeto. Usando poções, feitiços e seu poder de sedução, ela desafia normas sociais e expectativas de gênero.

O filme, envolto em simbolismo esotérico e estética camp, é uma crítica inteligente às visões romantizadas e misóginas sobre o amor feminino. Elaine representa uma bruxa que, ao buscar o amor ideal, acaba revelando as contradições entre desejo, poder e independência. 

Sua figura é cultuada por fãs do cinema feminista e ocultista, sendo uma representação contemporânea da bruxa como força autônoma, mágica e perigosamente humana.


Elvira

Elvira, a Rainha das Trevas, é uma das figuras mais icônicas da cultura pop e do universo das bruxas no cinema e na televisão. Interpretada por Cassandra Peterson, ela surgiu como apresentadora do programa Movie Macabre nos anos 1980, no qual introduzia filmes de terror B com humor sarcástico, visual gótico e comentários provocativos. 

Seu vestido preto justo, penteado volumoso e maquiagem marcante a tornaram um símbolo do estilo camp, que abraça o exagero, a ousadia e o charme kitsch. Elvira subverte a figura da bruxa tradicional ao mesclar sensualidade, comédia e inteligência, satirizando tanto o moralismo conservador quanto os clichês do terror. 

Ela celebra a liberdade de expressão, a sensualidade e a autenticidade, tornando-se um ícone de resistência contra o puritanismo e os estereótipos de gênero. Mais do que uma apresentadora excêntrica, Elvira é uma feiticeira moderna que enfeitiça pelo carisma, mostrando que o riso e a irreverência também são formas de magia.


Úrsula

Úrsula, a inesquecível vilã do clássico animado A Pequena Sereia (1989), é uma bruxa do mar que vive nos abismos do oceano, onde prepara feitiços e armadilhas para enganar aqueles que desejam algo desesperadamente. 

Com sua aparência inspirada em drag queens — mais especificamente na performer Divine —, Úrsula é exuberante, poderosa e teatral. Seu pacto com Ariel, no qual promete transformar a sereia em humana em troca de sua voz, revela a essência de seu arquétipo: a bruxa sedutora e manipuladora, que oferece poder em troca de um preço alto.

Ela simboliza os riscos de abrir mão da própria identidade para agradar aos outros, e levanta discussões sobre vaidade, ambição e controle. Úrsula é também uma das primeiras vilãs da Disney a exibir abertamente prazer em seu próprio poder, tornando-se ícone queer e feminista em muitas leituras contemporâneas. 

Seu legado transcende o papel de antagonista, reforçando a figura da bruxa como transgressora carismática, perigosa e fascinante.


Sally e Gillian Owens

Sally e Gillian Owens são as bruxas protagonistas do filme Da Magia à Sedução (Practical Magic, 1998), interpretadas por Sandra Bullock e Nicole Kidman. Criadas por tias excêntricas após a morte dos pais, elas pertencem a uma linhagem de mulheres mágicas marcada por uma maldição ancestral: todo homem amado por uma Owens está destinado à morte. 

Sally, sensata e reservada, tenta fugir da magia e levar uma vida comum, enquanto Gillian, livre e impulsiva, abraça a intensidade da paixão e do sobrenatural. A relação entre as irmãs é o verdadeiro coração do filme, mostrando como o amor familiar, a solidariedade feminina e a ancestralidade são formas poderosas de magia. 

O longa combina elementos de romance, drama e feitiçaria em um retrato sensível do que é ser bruxa no mundo moderno. As Owens representam a força das mulheres que, mesmo perseguidas ou marginalizadas, curam, amam e permanecem fiéis à sua essência mágica e intuitiva.



Bruxas Famosas da TV

Willow Rosenberg

Willow Rosenberg, da série Buffy, a Caça-Vampiros, é uma das personagens mais importantes na representação moderna da bruxaria na televisão. Introduzida como uma adolescente tímida e estudiosa, Willow inicia sua jornada mágica por meio da curiosidade intelectual, estudando feitiços por conta própria. 

Com o tempo, ela se torna uma bruxa extremamente poderosa, dominando rituais complexos, necromancia e magia ancestral. Sua trajetória mostra como o poder pode ser uma ferramenta de cura, mas também de destruição, especialmente quando é movido pela dor ou raiva.

Além de suas habilidades mágicas, Willow é uma personagem marcante pela sua evolução emocional. Ela é uma das primeiras personagens LGBTQ+ assumidas em uma série de grande audiência, vivendo um relacionamento afetivo com Tara Maclay, também bruxa. 

Esse marco representou uma guinada cultural na TV e fortaleceu seu lugar como ícone feminista. Willow é, até hoje, símbolo da dualidade do poder: ao mesmo tempo que encanta, exige responsabilidade.


Prue, Piper e Phoebe Halliwell

As irmãs Halliwell, protagonistas da série Charmed (1998–2006), representam a personificação da bruxaria moderna na televisão. Unidas pelo "Poder das Três", elas herdaram habilidades mágicas ao descobrir que são descendentes de uma linhagem de bruxas. 

Prue, a irmã mais velha, possui o dom da telecinese e lidera com firmeza; Piper, com o poder de congelar o tempo e causar explosões, é a mediadora sensível; Phoebe, a mais impulsiva, tem visões premonitórias e mais tarde desenvolve levitação e empatia. Juntas, elas enfrentam demônios, espíritos malignos e dilemas morais.

Charmed destacou-se ao apresentar bruxas como protagonistas de uma narrativa heroica, equilibrando batalhas mágicas com questões pessoais como maternidade, carreira e amor. A série abordou temas feministas e espirituais, reforçando a ideia de que a força feminina se manifesta na união e no autoconhecimento. 

As irmãs Halliwell são referências culturais duradouras e inspiraram uma geração a enxergar a magia como sinônimo de poder interior.


Morgana Pendragon

Morgana Pendragon é uma figura central na série Merlin (2008–2012), que reinventa as lendas arturianas com um olhar contemporâneo. No início da série, Morgana é uma jovem nobre, gentil e preocupada com os mais fracos. 

Com o tempo, ao descobrir seus poderes mágicos e testemunhar a perseguição contra bruxos pelo rei Uther, ela se transforma em uma poderosa feiticeira e, mais tarde, antagonista de Camelot. Sua queda é marcada por traições, medos e uma profunda sensação de injustiça, tornando-a uma personagem trágica e fascinante.

A série explora sua jornada como a de uma mulher em conflito com suas origens e destino, o que ressoa fortemente com o arquétipo da bruxa como figura transgressora. Morgana encarna a dualidade entre luz e sombra, entre heroína e vilã. 

Ela representa o feminino reprimido e retaliado, buscando justiça por meios nem sempre éticos. Sua presença marcante torna-a uma das bruxas mais complexas da televisão moderna.


Endora

Endora é uma das personagens mais icônicas da clássica série A Feiticeira (1964–1972). Mãe da protagonista Samantha, Endora é uma bruxa poderosa, espirituosa e sarcástica, que não esconde seu desdém pelos mortais — especialmente por Darrin, genro e marido humano da filha. 

Ela representa o arquétipo da bruxa ancestral: sábia, livre e não submissa aos valores convencionais da sociedade. Endora utiliza seus poderes de forma irreverente, provocando situações cômicas, mas também reforçando sua autonomia e resistência às normas patriarcais.

A personagem foi inovadora para sua época, trazendo para a TV uma mulher de meia-idade com força própria, sem precisar agradar ou se justificar. Ela simboliza o poder da matriarca e a liberdade feminina em um contexto de dominação masculina. 

Com figurinos exuberantes e postura altiva, Endora permanece um símbolo da bruxaria elegante e ousada. Sua presença ajudou a moldar a imagem da bruxa na cultura pop como uma figura de sabedoria, poder e irreverência.


Rowena MacLeod

Rowena MacLeod, da série Supernatural, é uma bruxa escocesa imortal, astuta e incrivelmente poderosa. Introduzida como mãe do vilão Crowley, Rowena rapidamente conquista seu espaço como uma das personagens mais complexas do universo da série. 

Dotada de conhecimentos arcanos, necromancia e feitiçaria ancestral, ela manipula aliados e inimigos com igual destreza, movida por ambição, sobrevivência e, em muitos momentos, amor distorcido. Sua trajetória inclui traições, ressurgimentos e sacrifícios emocionantes.

Rowena é o arquétipo da bruxa independente e resiliente, que usa seu poder com inteligência e sarcasmo. Ao longo da série, evolui de antagonista imprevisível para aliada confiável, oferecendo conhecimento místico vital aos heróis. 

Sua presença feminina forte, com humor ácido e postura imponente, trouxe frescor à narrativa sobrenatural. No fim, ela assume o papel de líder no submundo, reafirmando seu destino como feiticeira soberana. Rowena é lembrada como uma das bruxas mais memoráveis da TV, unindo poder, elegância e redenção.


Sabrina Spellman

Sabrina Spellman, protagonista das séries Sabrina, a Aprendiz de Feiticeira (1996–2003) e O Mundo Sombrio de Sabrina (2018–2020), é uma das bruxas mais emblemáticas da televisão contemporânea. 

Baseada nos quadrinhos da Archie Comics, ela representa o despertar do poder, da identidade e da responsabilidade na juventude. Na versão clássica, Sabrina equilibra a adolescência com a vida mágica, sempre guiada por suas tias bruxas e pelo gato falante Salem. Já na versão moderna da Netflix, ela lida com temas mais sombrios, como livre-arbítrio, opressão patriarcal e a dualidade entre luz e escuridão.

Ao longo de suas diferentes encarnações, Sabrina simboliza a bruxa como figura de resistência, transformação e coragem. Ela desafia sistemas opressores, defende amigos e luta para construir seu próprio caminho, mesmo diante de ameaças sobrenaturais. 

Seu legado é de empoderamento feminino e independência, sendo uma inspiração para gerações que enxergam na magia uma metáfora para o autoconhecimento e a autonomia pessoal.


Agatha Harkness

Agatha Harkness, apresentada ao público em WandaVision (2021), é uma das mais marcantes bruxas do Universo Cinematográfico Marvel. Interpretada por Kathryn Hahn, ela surge disfarçada como a carismática vizinha Agnes, até revelar sua verdadeira identidade na canção memorável "Agatha All Along" (Agatha Desde Sempre) - que mais tarde deu nome ao seriado. 

Nos quadrinhos, Agatha é uma bruxa ancestral que sobreviveu aos julgamentos de Salem e atuou como mentora de Feiticeira Escarlate. Já na série, ela é retratada como uma bruxa poderosa, inteligente e ambiciosa, que deseja dominar o caos mágico de Wanda Maximoff.

Agatha se destaca por seu carisma, humor ácido e domínio de feitiços antigos. Ela representa o arquétipo da bruxa dissimulada e astuta, que se infiltra silenciosamente até tomar o controle. Seu figurino e estética resgatam elementos clássicos da bruxaria — como grimórios, círculos mágicos e energia púrpura. 

Mais do que vilã, ela é símbolo de poder feminino oculto, sendo reimaginada como anti-heroína com sua própria série derivada: Agatha: Desde Sempre. Sua presença reforça a força e complexidade da bruxa na cultura pop contemporânea.


Cassie Nightingale

Cassie Nightingale, protagonista da franquia The Good Witch (2008–2021), é uma das bruxas mais queridas da televisão moderna. Interpretada por Catherine Bell, Cassie aparece pela primeira vez como uma misteriosa recém-chegada à cidade de Middleton, onde rapidamente conquista todos com sua sabedoria, gentileza e... um toque de magia. 

Ao longo dos filmes e da série, nunca se vê Cassie lançar feitiços de forma explícita — sua magia é sutil, intuitiva, ligada à empatia, ao conhecimento ancestral e à habilidade de estar no lugar certo na hora certa.

Cassie representa o arquétipo da "bruxa sábia", aquela que cura com palavras, gestos e presença. Ela mantém uma loja esotérica chamada Bell, Book & Candle, onde vende ervas, cristais e objetos místicos. 

Sua figura é associada ao equilíbrio, ao acolhimento e à harmonia comunitária. Cassie mostra que a magia está em viver com intenção, em ouvir o outro e em transformar o cotidiano com amor, compaixão e consciência.



As bruxas mais famosas da história, do cinema e da televisão nos oferecem muito mais do que lendas e entretenimento: elas são reflexos de medos, esperanças e transformações culturais ao longo dos séculos. 

Seja como mulheres perseguidas injustamente, heroínas complexas ou figuras fantásticas, essas bruxas desafiam estereótipos e convidam à reflexão sobre poder, identidade e resistência. 

Hoje, no estudo da bruxaria contemporânea, elas inspiram o resgate de saberes ancestrais, a valorização da autonomia feminina e a celebração da diversidade. Ao revisitarmos suas histórias, aprendemos a desconstruir preconceitos e a entender a magia como uma força de cura, empoderamento e conexão com a natureza.

Assim, as bruxas famosas continuam vivas, guiando-nos a um caminho de autoconhecimento, coragem e transformação, mostrando que a verdadeira magia está em reconhecer e abraçar nossa própria essência.

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